Seringueiros da Amazônia: Dramas Sociais e o Olhar Antropológico

Seringueiros da Amazônia: Dramas Sociais e o Olhar AntropológicoAutora: Eliane Cantarino O´Dwyer

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A proposta de organizar uma série ‘Amazônia’, como parte da coleção ‘Antropologia e Ciência Política’, teve por objetivo articular algumas experiências de pesquisa e trabalho de campo realizados a partir dessa região de fronteira.

Este livro, que inaugura a publicação da série, apresenta a ocorrência de incidentes minuciosamente relatados entre seringueiros e seus patrões seringalistas em uma área compreendida pelos rios Tejo e Breu, na região do alto Juruá, Estado do Acre. Nosso objetivo é o de investigar no contexto de um parecer antropológico, em que a prática etnográfica oferece caminhos, ao permitir a construção de fatos muitas vezes do desconhecimento dos próprios contemporâneos, os tipos de relações sociais em que os incidentes e as denúncias de trabalho escravo através de testemnunhos tornam-se obejtos de uma ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Federal, que resulta na decretação, em 1989, de uma das primeiras Reservas Extrativistas no Brasil.

Apesar do parecer antropológico não representar um desenvolvimento filogênico com nossas pesquisas acadêmicas anteriores, realizadas no âmbito dos cursos de mestrado e doutorado no programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional – UFRJ, pois elas se davam em situações do chamado campesinato de plantation e não em área de fronteira agrícola, coloca em jogo problemas teóricos comuns relativos às formas de imobilização da força de trabalho, a sujeição como categoria nativa e os princípios de organização familiar segundo o modelo da autonomia camponesa. Além disso, como objetos empíricos invertem respectivamente a imagem perfeita de camponês livre associada à fronteira amazônica, ao se levar em conta as acusações de trabalho escravo e os graves conflitos entre os seringueiros e seus patrões no Acre, e a presença da ideologia de luta por terra livre no movimento camponês fluminense dos anos 60 e da mobilização nos anos 80 pela ocupação de terras considerada como uma tentativa de obter uma fronteira desocupada via confrontação direta com os proprietários.

O termo ‘Amazônia’ usado para nomear a série de livros reunidos para publicação, que incluem de textos que apresentam um desenvolvimento teórico e interpretativo, a relatórios de identificação sobre ‘terras de quilombo’ para fins de aplicação de direitos constitucionais, pode ser considerado, do nosso ponto de vista, sugestivo em relação ao prório conceito de fronteira e sua linha de demarcação sobre o chamado mundo selvagem, ao nos colocar imaginariamente diantes das ‘fronteiras do saber’ e incluir o saber aplicado dos antropólogos e as condições históricas que motivam certas formas de produção do conhecimento, como parte do fazer etnográfico.

Veja aqui o sumário dessa obra.

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